Ana Claudia Cichon
Formado por um grupo de
amigos que rechaça o futebol moderno e tem ideais esquerdistas e anticapitalistas,
o Autônomos Futebol Clube é muito mais que um time de várzea. É uma equipe que além
de jogar com amor ao terrão todos os fins de semana também se preocupa com
questões políticas e sociais, e acredita na autogestão acima de tudo.
O projeto começou em 2006,
quando Daniel Mandioca e Maurício Noznica se conheceram durante um evento em Belo
Horizonte e tiveram a ideia de formar um time de futebol 7 – ou society – para
disputar a Copa Autonomia, um torneio de futsal misto e sem juiz, organizado
por Mandioca. Só a partir do segundo ano é que o Auto entrou no futebol varzeano, e de lá não saiu mais.
De início a equipe
era formada por punks e anarquistas, mas aos poucos foi recebendo gente com
outros perfis, como comunistas ou os que nada reivindicam, mas ficam à
esquerda. “De toda forma, pregamos a autonomia
política e a independência de grupos, o que significar fazer a luta por fora
dos aparelhos oficiais, sem almejar cargos e postos institucionais”, descreve
Gabriel Brito, um dos atletas do Auto. Mandioca complementa a descrição,
afirmando que o passaram a ser um time mais amplo, antirracista, antifutebol
moderno, com decisões coletivas e horizontais. “Nunca tivemos diretoria ou
algum grupo ou pessoa decidindo e mandando sozinho”.
Dentro desta proposta
política e social e inspirado em clubes ingleses do futebol amador após uma viagem
para lá (no post de amanhã você entenderá melhor) o Auto iniciou, em 2011, a
busca por uma sede, um espaço em que pudessem reunir pessoas e promover uma
cena além do futebol. Assim foi criada a Casa Mafalda, que também serve de
centro social, cultural e local de festas, para quem quiser compartilhar a
área, localizada na Rua Clélia, 1895, no bairro da Lapa, próximo ao campo onde
a equipe manda seus jogos. Um dos objetivos com esta escolha foi para que, com
o decorrer do tempo, criasse uma identidade local e uma interação social maior
com os moradores da região.
Autônomos Futebol Clube |
Gabriel explica que a
Casa é dividida com grupos e movimentos de visão política similar a do Auto,
mas que todos precisam ajudar a cuidar do espaço nas ocasiões em que usam, já
que não há funcionários. “Já recebemos um ou outro pessoal da Lapa na Casa,
alguns de um projeto de revitalização de uma quadrinha poliesportiva por ali.
Além disso, houve reuniões de coletivos e movimentos envolvidos na luta por
direitos humanos, feminismo, antiproibicionistas, moradia, comitê popular da Copa,
movimentos autônomos envolvidos nas jornadas de junho, como o próprio MPL
[Movimento Passe Livre], e outras correntes da esquerda e do anarquismo”.
A organização da Casa
Mafalda ocorre graças a uma espécie de sociedade, em que as pessoas
interessadas no projeto fazem contribuições mensais (em quantidades variáveis,
de acordo com as condições), o que lhes permite utilizar o espaço para festa e
atividade de seu interesse “desde que, claro, não contrariem os
princípios políticos explicitados ali”, ressalta Gabriel.
O Auto possui ainda um programa de webrádio, o Central
Autônoma, que aborda assuntos relacionados aos movimentos sociais espalhados
pelo Brasil, divulgando as pautas e ações realizadas. Confira a primeira edição abaixo.
Amanhã o
Chuteiras no Terrão trará mais um post sobre o Auto, contando mais o lado futebolístico. Não
perca!
Acho estranho dividir o post em "capítulos". A história do Auto parece ótima, mas o texto resultou pobre...
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