sábado, 10 de agosto de 2013

Autônomos F.C.: Futebol autogestionário é o lema por aqui

Ana Claudia Cichon

Formado por um grupo de amigos que rechaça o futebol moderno e tem ideais esquerdistas e anticapitalistas, o Autônomos Futebol Clube é muito mais que um time de várzea. É uma equipe que além de jogar com amor ao terrão todos os fins de semana também se preocupa com questões políticas e sociais, e acredita na autogestão acima de tudo.

O projeto começou em 2006, quando Daniel Mandioca e Maurício Noznica se conheceram durante um evento em Belo Horizonte e tiveram a ideia de formar um time de futebol 7 – ou society – para disputar a Copa Autonomia, um torneio de futsal misto e sem juiz, organizado por Mandioca. Só a partir do segundo ano é que o Auto entrou no futebol varzeano, e de lá não saiu mais.

Diagonal Rubro-Negra, o manto do Auto
Foto: Arquivo Autônomos F.C.
De início a equipe era formada por punks e anarquistas, mas aos poucos foi recebendo gente com outros perfis, como comunistas ou os que nada reivindicam, mas ficam à esquerda. “De toda forma, pregamos a autonomia política e a independência de grupos, o que significar fazer a luta por fora dos aparelhos oficiais, sem almejar cargos e postos institucionais”, descreve Gabriel Brito, um dos atletas do Auto. Mandioca complementa a descrição, afirmando que o passaram a ser um time mais amplo, antirracista, antifutebol moderno, com decisões coletivas e horizontais. “Nunca tivemos diretoria ou algum grupo ou pessoa decidindo e mandando sozinho”.
Dentro desta proposta política e social e inspirado em clubes ingleses do futebol amador após uma viagem para lá (no post de amanhã você entenderá melhor) o Auto iniciou, em 2011, a busca por uma sede, um espaço em que pudessem reunir pessoas e promover uma cena além do futebol. Assim foi criada a Casa Mafalda, que também serve de centro social, cultural e local de festas, para quem quiser compartilhar a área, localizada na Rua Clélia, 1895, no bairro da Lapa, próximo ao campo onde a equipe manda seus jogos. Um dos objetivos com esta escolha foi para que, com o decorrer do tempo, criasse uma identidade local e uma interação social maior com os moradores da região.

Autônomos  Futebol Clube
Gabriel explica que a Casa é dividida com grupos e movimentos de visão política similar a do Auto, mas que todos precisam ajudar a cuidar do espaço nas ocasiões em que usam, já que não há funcionários. “Já recebemos um ou outro pessoal da Lapa na Casa, alguns de um projeto de revitalização de uma quadrinha poliesportiva por ali. Além disso, houve reuniões de coletivos e movimentos envolvidos na luta por direitos humanos, feminismo, antiproibicionistas, moradia, comitê popular da Copa, movimentos autônomos envolvidos nas jornadas de junho, como o próprio MPL [Movimento Passe Livre], e outras correntes da esquerda e do anarquismo”.
A organização da Casa Mafalda ocorre graças a uma espécie de sociedade, em que as pessoas interessadas no projeto fazem contribuições mensais (em quantidades variáveis, de acordo com as condições), o que lhes permite utilizar o espaço para festa e atividade de seu interesse “desde que, claro, não contrariem os princípios políticos explicitados ali”, ressalta Gabriel.
O Auto possui ainda um programa de webrádio, o Central Autônoma, que aborda assuntos relacionados aos movimentos sociais espalhados pelo Brasil, divulgando as pautas e ações realizadas. Confira a primeira edição abaixo.




Se quiser saber mais sobre a programação da Casa Mafalda, confira a página no Facebook.


Amanhã o Chuteiras no Terrão trará mais um post sobre o Auto, contando mais o lado futebolístico. Não perca!

Um comentário:

  1. Acho estranho dividir o post em "capítulos". A história do Auto parece ótima, mas o texto resultou pobre...

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